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54ª Anual de Artes FAAP

curadoria do Conselho Curatorial

no Museu de Arte Brasileira, São Paulo
29 nov 2022 - 12 fev 2023

Prêmio de 1° lugar - Esse, meu traço, 2022

           Em seus dezoito anos de existência o Programa de exposição de formados em Artes Visuais, da FAAP, tem buscado ampliar sua dimensão de reconhecimento e valorização da arte, reunindo, e levando a público, a produção de estudantes que finalizaram esses cursos.
 

           O Programa de exposição, já que podemos compreendê-lo nessa condição - pela proposta, longevidade e atividades na qual atua - pode ser entendido como forma de privilegiar o potencial experimental, criador e de valorização da diversidade, diretamente conectado com o projeto institucional da Fundação Armando Alvares Penteado como incentivadora e apoiadora da produção artística e cultural.

 

           Originada em consonância com a do próprio Museu de Arte Brasileira bem como da criação da originalmente Faculdade de Artes Plásticas, que pode ser identificada como pioneira no ensino de artes no país. A criação da Faculdade remonta ao curso de formação de professores de desenho, mais um pioneirismo nesta condição, em São Paulo, ainda na década de 1950.

 

           Podendo ser identificada como ação cultural tradicional no calendário oficial das artes visuais na cidade, a mostra de arte contemporânea continua seu trabalho apresentando-se como um espaço aberto aos experimentos, aos desejos e aos compromissos com a produção artística contemporânea, particularmente suas respostas e reações aos questionamentos e provocações que, hoje, mais do que nunca, assolam o mundo, ainda vivendo sob o espectro do isolamento social, decorrente da pandemia de Covid 19.

 

           Retomando após a interrupção de dois anos, a Anual de Arte FAAP prossegue fiel a sua proposta que, reformulada em sua estrutura para adentrar e caminhar no século XXI, permanece atuando no sentido de criar possibilidades aos futuros artistas e profissionais de artes visuais, quando lhes oferece condições e suporte para, apresentado suas práticas artísticas e criações, ter a oportunidade de uma visibilidade extramuros, inserindo sua produção no circuito artístico da cidade.

           O permanente apoio da Fundação para atividades dos corpos discente e docentes, do atual Centro Universitário Armando Alvares Penteado é, implicitamente, o reconhecimento da relevância do trabalho de seus professores e estudantes, assim como a crença do papel e do potencial da educação, da cultura e da arte como agente no processo de reflexão e transformação, de um mundo contemporâneo que pode ser compreendido a cada momento, como de maior diversidade e complexidade.

 

           Para essa edição, a exposição apresenta - em dois de seus três núcleos - trabalhos decorrentes das mais de uma centena de propostas que as comissões de seleção mapearam e identificaram como capazes de trazer a público a diversidade de investigações pautadas em matrizes curriculares multi e transdisciplinares. Nas seleções aqui apresentadas são problematizados os deslocamentos entre as dimensões pública e a da intimidade, a palavra e o texto em seu campo expandido, as experimentações de esgarçamento das linguagens e suportes tradicionais, experimentos em vídeos e ações performativas, para mencionar alguns aspectos relevantes e possíveis de identificação.

           A menção aos dois núcleos explicita, ainda mais, o desejo de apoio institucional, ao abrir-se a perspectiva de participação para estudantes que, nos dois anos de suspensão da exposição, decorrente da impossibilidade de realização/ações dessa natureza, tiveram a oportunidade de inscrever-se e passar pelo processo de seleção e, nessa condição apresentarem-se no contexto da Anual de Arte.

           Corroborando o comprometimento institucional de apoio e fomento, uma Comissão de Premiação com a participação de profissionais externos ao quadro docente seleciona sete estudantes que recebem, como premiação, bolsas de estudos integrais, para o ano subsequente ao da exposição.

 

           Afirmando, ainda mais seu caráter de espaço didático e pedagógico, abre-se na Anual, um espaço de discussão e reflexão sobre os processos que envolvem a exposição, com a realização de encontros - com as Comissões de Organização, Seleção e Premiação - além de uma atividade de encerramento da mostra, com um encontro e conversa com a artista convidada, dessa edição.

 

           A estratégia de artistas convidados também foi retomada, como a própria exposição e pode contar com a primeira artista residente a ocupar o estúdio 1422 que a Residência Artística FAAP - Paris, mantém desde 1997 na Cité Internationale des Arts. A "sala especial" toma, assim, duplamente o caráter de retomada e possibilita restabelecer o diálogo entre distintas produções, como a de uma jovem artista e ex-aluna - Giulia Bianchi - e a produção dos atuais estudantes de artes visuais, com artistas já inseridos no sistema artístico. Uma vez mais, é fortalecida a relação de apoio e incentivo aos projetos que privilegiam a visualidade e os cursos de artes visuais.

 

           Sob o risco de uma possível repetição de argumentos a mostra deve ser vista como uma proposição que busca apontar o que pode ser visto como potencial, nessas manifestações e produções na área de artes visuais, propondo uma desejada visão panorâmica das experimentações e das práticas artísticas contemporâneas.

Marcos Moraes
Coordenador
Cursos Artes Visuais -
Bacharelado e Licenciatura

© Fernanda Mie Kimura 2024

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